Dois dos principais objetivos do Brasil nas negociações eram justamente criar formas de financiar o desenvolvimento sustentável e transferir tecnologia.

Tímido, é uma palavra sutil para o resultado obtido.

Sucesso e fracasso foram os conceitos intimamente ligados às expectativas lançadas sobre a conferência, e o Brasil, o anfitrião, teve que liderar os momentos difíceis do debate, já que custeou com quase meio bilhão de reais para a realização dos eventos no Rio. Podemos imaginar quem pagou esta conta.

Afinal alguém disse: “Quem exige ambição de ação e não põe dinheiro sobre a mesa está sendo, pelo menos, incoerente”.

Penso, como muitos, que o Futuro que Queremos tem compromisso e ação, e não só promessa. Carece da agilidade necessária para reverter às crises social, ambiental e econômica e não adiamento.

Algumas críticas verbais lançadas publicamente:

“A Rio+20 passará para a história como uma Conferência da ONU que ofereceu à sociedade mundial um texto marcado por graves omissões que comprometem a preservação e a capacidade de recuperação socioambiental do planeta, bem como a garantia, às atuais e futuras gerações, de direitos humanos adquiridos.”

“Nós da sociedade civil lamentamos, mas o documento da ONU é fraco, medroso e não avança no sentido de uma sociedade mais justa”.

“Nós cobramos compromissos e ações urgentes. Eles nos entregaram omissão e inércia. Deram as costas para os problemas do mundo e principalmente das populações mais vulneráveis”.

E o que todos dizem é “não tenho dúvidas de que poderíamos ter feito mais”, “foi frustrante”…, a verdade é que O futuro que Queremos não será exatamente o que Teremos.

Diante dos desencontros as ditas lideranças da sociedade civil pediram que a expressão “com plena participação da sociedade civil” fosse retirada do texto oficial.

Não podemos deixar de dizer que a conservação da biodiversidade é um componente indispensável do desenvolvimento sustentável. As 20 Metas de Aichi, a serem cumpridas até 2020, são muito mais comprometidas com a sustentabilidade do que o proposto na Rio+20.

Nem tudo parece ter sido em vão, segundo o Valor Econômico, “o balanço da conferência soma mais de US$ 513 bilhões em acordos e parcerias a serem aplicados nos próximos dez anos nas áreas de transporte, promoção da energia renovável, proteção ambiental e outras áreas relacionadas ao desenvolvimento sustentável.”

É preciso dinheiro.  As ONGS participantes estão convencidas de que indivíduos e empresas, e não governos devem liderar esforços para salvar o meio ambiente.

Em resumo o documento da Rio+20 é desprovido de ambição, metas e datas. Apenas palavras dúbias e vazias de um texto final divorciado da realidade.

Não menos importante, mas de necessária consciência mundial, foi a declaração do Secretário Geral da ONU o sul-coreano Ban Ki-moon ao pedir a todos os governos que eliminem a fome do mundo: “Enquanto tivermos um bilhão de pessoas indo dormir toda noite com fome, não seremos capaz de dizer que vivemos em um mundo sustentável”, disse ele.

As medidas que poderiam ajudar a eliminar essa situação incluem a redução do desperdício de alimentos – quase um terço de todos os alimentos produzidos são jogados no lixo nos países ricos, e uma proporção ainda maior nos países mais pobres, por razões diferentes – além de dobrar a produtividade de pequenas propriedades.

O Compromisso Zero, ou seja, Rio+20 passou a ser Rio=0